[quarta-feira, janeiro 17, 2007]

[Começa com o biquíni]

Começa sempre com uma bobagem, tipo um biquíni.
Depois vem a escova de cabelo, a de dentes (para não ter que ficar levando e trazendo), e por aí vai. E o fim-de-semana, que no início era apenas a noite de sábado, começa a ter início na sexta, para acabar, às vezes, só na manhã de segunda. E quando você percebe é tarde. Complicado.
Por mais amor que exista, para quem está acostumado a morar sozinho é muito difícil, de repente, uma pessoa dois dias seguidos em sua casa ( ou você na dela). Enquanto se lê o jornal, tudo bem. Ele fica direto com o primeiro caderno, e dá até para fazer algumas concessões e comentar algumas notícias - as mais leves, claro. Mas acabou o jornal, acabou o café da manhã, louça lavada entre beijinhos e carinhos sem ter fim, faz o quê? Música é a opção, claro, mas que tipo? Começa aquela cerimônia "Você quer ouvir o quê, meu bem?", seguida da resposta " O que você quiser, coração"; uma confusão, mas tudo pelo amor.
Sem crianças pela casa, nem empregada, nem problemas para discutir, nem mesmo ainda amigos ou gostos comuns, com dois longos dias pela frente, mas sem nenhum projeto de vida, se ama ( o tempo todo ninguém aguenta), se dança, se joga baralho ou gamão? difícil a opção.
Para ler um livro não dá, e para ficar calado também não. Almoçar fora é um realçe, e só discutir aonde vão já é uma grande delícia ( e uma bebidinha bem que ajuda). Altos cozidos, peixadas fantásticas, cerveja rolando, momentos de prazer e euforia. Euforia que sempre precede a depressão, aliás. Quando o almoço acaba, são quatro e meia. Um cinema? a próxima sessão é às seis, uma boa hora a passar. Livraria ou banca de jornais, e pronto.
Se o filme é bom, maravilha; se não, aquele desconforto para quem escolheu.
Para casa? claro, para casa. De novo: a sua ou a minha?
Beber nessa hora, nem pensar. Comer, só no dia seguinte. Namorar, francamente, não. Espichar o corpo, sim, mas na sala ou no quarto? Em início de romance não dá para ficarem em cômodos diferentes. Enquanto a televisãopassa aquelas bobagens especias de sábado ( os programadores têm a ilusão de que nesse dia todo mundo sai para dançar), um dos dois talvez dê uma cochilada.
Se for o que está em sua própria casa, o outro sente a mais profunda das solidões.
Gostaria tanto de telefonar para alguém; para nada, só para voltar um pouco a seu próprio mundo, mas deixá-lo dormindo no quarto e ir para a sala falar no telefone pode não pegar bem. O jeito é ficar calada, quieta, para ver o que acontece. Uma hora qualquer ele vai acordar, mas quando? E vão fazer o quê?
Se disser que quer ir para casa vai soar quase como uma briga, afinal não se deixa um namorado num sábado à noite por nada. Será que todo namoro é tão difícil assim?
É a falta de futuro que dificulta a relação, a falta de planos, Se estivessem pensando em morar juntos, ter filhos, claro que seria tudo mais fácil. Por que não?
Um dia eles até casam, só para terem assuntos em comum, isto é, problemas.
Podem até ser felizes, para sempre.


por Dani * quarta-feira, janeiro 17, 2007 - 2 comentários
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